Tantas vezes nos sentimos assim, protagonistas, repletos de soberba e pretensões, e nos esquecemos a realidade misteriosa e gigantesca que nos circunda. Presos ao mistério da existência em mundos contornando estrelas, afastados por distâncias infinitas, e sem compreender exatamente a que viemos, buscamos sobreviver em algo que não controlamos e interferir naquilo que não entendemos, modificando nossa morada, de terra e água, sem atentarmos para as consequências de nossos atos; súditos da razão, tentamos fugir da irrelevância; escravos das aparências, pretendemos penetrar em grades intransponíveis para atingir o inatingível e, com isso, corremos perigos constantes para ter um papel de destaque nesta criação que não alcançamos, em um universo cujas proporções formidáveis atordoam nossos espíritos, pois inúmeros são nossos anseios de escapar dessa ciranda, que encaramos como jaula e não como vivenda -uma jaula que angustia e estimula pensadores e intelectuais, andando ou voando, de um lado para o outro, neste astro – somos tentados a encontrar uma saída que pode ter vários moldes e formas: a academia, a mitologia, a magia, a religião, a superstição – os quais, no fundo não passam de engodos ou simulacros para aliviar nossas almas da tão humilhante sina de viver sem ter saída; até pensaríamos estar diante das manhas e jogos de nosso inconsciente, entretanto, o fato é que estamos entre ilusões que embalam nossa insignificância – porém, somos mesmo insignificantes?