Com tanta gente filosofando pela rede, nas páginas da literatura, tanto autor despejando suas complexidades sobre os outros que, ainda que reconheçamos o quanto com isso nos aproximamos do sentido das verdades universais, pairamos ad eternum entre átomos, espaços vazios e opiniões nascidas de realidades múltiplas das nossas várias percepções – pois cada um tem a sua – uns acreditando que os dinossauros ainda existem, outros orando para deuses orientais ou ocidentais, ou das selvas, ou mesmo para os Orixás; alguns acreditam nas revoluções para varrer a corrupção das oligarquias, outros são as próprias oligarquias; muitos gostam de futebol, vários preferem rock’nroll, diversos cantam a alegria do samba, alguns preferem a tristeza do fado; enfim, existem mundos para cada um dos bilhões de habitantes deste planeta rodando em torno a si próprio numa órbita que nos trás calor, luz, vida, e no acerto geral das coisas, vemo-nos fisgados a encarar as ambigüidades de nossos apetites imediatos e mundanos, deixando para depois os suspiros do peito e os questionamentos da filosofia; neste mundo tantas vezes sem coração, as emanações divinas nos afastam das torpezas que nos circundam, e, no plano maior das recompensas e júbilos, o mal fica sempre em desvantagem e não prevalece apesar de sua crueza e impiedade, por constituir apenas um degrau para se atingir o bem; em princípio, portanto, quero crer que todas as coisas são por natureza boas, assim como todo mal existe apenas para criar atividade ou para gerar um choque de retorno, porém, são infinitas as indagações dentro de cada um, assim como são milenares as dúvidas: praticamente, todo um oceano de águas tormentosas a mexer com o nosso âmago, a nos desnudar frente ao mistério de tudo – e que magnífico mistério que nenhuma mente grandiosa até hoje conseguiu desvendar, que obra de arte em matéria de enigma, que esplendida quintessência do tudo ou do nada – somos infinitos, nobres e admiráveis, somos razão, faculdade e movimento, somos amor, dedicação e compaixão, somos machos e fêmeas notáveis a se perpetuarem no dualismo que nos equilibra; enfim somos carne e consciência, corpo e espírito, mente e físico, a escrever a nossa história na legenda dos séculos e… para onde vamos?