“Um dia, caminharemos todos por uma selva pacificada e segura de espigões e torres de vidro; seguiremos um percurso que nos levará por ruas e avenidas limpíssimas e bem calçadas, parques maravilhosos, centros comerciais imponentes, gigantescos, habitados por um povo jovem, bem vestido, educados, respeitosos, silenciosos, com celulares e tablets nas mãos, planejando um universo mais limpo, mais confortável e dinâmico, mais estável; e clareará em nossas mentes o significado do assombro, da baba na boca pelo fim da agressividade e das estratégias de dominação; o mundo terá projetos arrojados, investimentos, mão de obra disciplinada, justiça nas relações de trabalho, dinâmicas bem sucedidas de impulsionamento educacional, distribuição fiscal equitativa; e nessa idealização quimérica, teríamos a ilusão de assistir a um baile entre tigres, dragões, unicórnios, elefantes, leões e cordeiros, fazendo oscilar o centro de decisões mundial: é possível bailar em paz e ser feliz… o Brasil também passaria de sapo a príncipe, engasgado de tanta vitamina, com angú e rapadura, construindo para si a civilização ideal.
Uma civilização com vibrações de tambores, clarinetes, oboés, fagotes, trompas, tubas e trombones; um misto de sons e massas sonoras marcadas do alento de uma juventude canarinha bonita e talentosa, que encherá o mundo de fé e alegria. Nunca poderíamos imaginar que, em pleno território brasileiro surgissem segmentos jovens tão inspirados e dedicados, que nos farão lembrar da máxima de Thomas Carlyle: ‘a música é a fala dos anjos’. Sim, porque os anjos, dentro da Patropi, estarão falando conosco a linguagem ressonante e graciosa dos que nos receberão com honras e arrebatamento. Seremos os alienígenas grandiosos, a incrível civilização candanga que tomará o mundo pela mão num concerto que começará em breve, de sons e músicas vivas e radiosas.”
– Trecho de “Nós” (Fragmentos filosóficos de tempos incertos), do escritor Raul de Taunay.