Tanto

Tanto quero além do que já tenho,
E muito espero do que não recebi;
Sou fecundo em sentimento tenro,
No vento austero, fico em frenesi.

Quero te dar o que não concebi,
Quero morrer, ressuscitar em ti;
O verso vira trinado em do re mi
Se, da janela, admiro o bem-te-vi.

Eu quero mais, e mais, e quero tanto,
Que nem almejo mais o que já quis;
Anseio, aspiro, sorver este acalanto,
é puro mantra espalhado no jardim.

(Raul de Taunay, Brasília, 25 de abril de 2016)

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