É tão difícil frequentar o Face sem ser tentado a disseminar opiniões, aqui e alí, em comentários leves ou polêmicos que muitas vezes nos levam a trocar ideias frugais ou opiniões inflamadas sobre os assuntos que sacodem a atualidade. Nossas mentes estão sempre ativas, concordando ou antagonizando-nos com amigos, em diversas partes do país e do globo, pois, no fundo, além de analistas, somos no face também críticos, sabichões, revolucionários, turistas, curtidores, exploradores, mágicos e, sobretudo, filósofos, cada qual filosofando de seu jeito, convencido da verdade ou do interesse de suas proposições. Afinal, fora da existência de nossas próprias mentes,cada um vê as cores do firmamento à sua maneira.
Contudo, o que nos faz pensar que conhecemos algo? O estudo, a razão, a crença, a experiência, a inquietação, a curiosidade, o sofrimento? O que nos leva a acreditar que descobriremos as verdades universais quando o que mal encontramos no fim da vida é a verdade que vale para cada um?
Fazer perguntas ajuda. Os filósofos adoram perguntar, decifrar questões, duvidar. Duvido, logo penso, logo sou, escrevia Descartes em seu Discurso sobre o Método. Entretanto, o que ocorre é que nós, os internautas, os primatas deste novo mundo virtual e cibernético, que atingirá novas fronteiras, não temos uma noção metódica da avaliação filosófica que estruturamos. Somos um caldeirão de minhocas diante de questionamentos infinitos, tais como quem somos, filhos de quem, porque somos, onde vamos, até quando, como viver bem e, com esse fim, como formar a sociedade ideal?
São dezenas os filósofos reconhecidos que escreveram sobre a a vida, a morte, a ética, o contrato social, as instituições, as constituições, os lampejos de igualdade, as leis universais e naturais, o homem selvagem, a vontade geral, o senso comum, a matemática social, a revolução. Sim, a revolução. Sem as revoluções, armadas ou culturais, o mundo não se interpretaria ou se transformaria. E nem transformaria nossas crenças e pensamentos.
No meu caso, e apenas no meu, de tudo que vi e li na vida, e seguindo a minha consciência e a minha avaliação de justiça e liberdade, estimo que o futuro, em termos de formação de sociedade, assistirá ao aperfeiçoamento de uma espécie de socialismo de mercado, capaz de alimentar os bilhões de cidadãos a mais que virão por aí, exigindo direitos, alimentação, liberdade e lazer. No fim de tudo, acredito, ainda seremos livres, livres e filósofos, com a boca em nossas verdades, decompondo os paradoxos, sofrendo com o mundo para melhorá-lo, e sem saber ainda quem somos, ou para que.
(Raul de Taunay, Brasília, 13 de janeiro de 2015)